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Arquitetos: Diana Radomysler, Samanta Cafardo, Studio MK27 - Marcio Kogan
- Área: 805 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: Accoya, Antonangeli Illuminazione, B&B Italia, Baxter, Estudio Campana, Eumenes, Gervasoni, INNTEC, Knoll International, Paola Lenti, R&R Company, Roll & Hill
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto está localizado no litoral paulista na região da Mata Atlântica e seu terreno tem uma topografia acidentada com vegetação local densa. A implantação da casa nessa paisagem teve o objetivo de potencializar a conexão entre a arquitetura e a natureza, privilegiando a vista para o mar e a incidência de luz solar nos espaços internos. Além disso, o posicionamento da casa no terreno obedeceu a área já aberta anteriormente na vegetação.
O volume principal da casa eleva-se do solo e parece engastado na topografia. A casa assim se projeta para fora da montanha. Os elementos de contato entre o aclive e a construção – como por exemplo os decks de madeira – foram moldados para respeitar o terreno existente, criando uma interação orgânica entre a natureza e os elementos arquitetônicos. Na parte que lança para fora da montanha, a estrutura toca o solo em apenas dois pilares.
Os 3 andares da Casa da Mata criam uma divisão programática clara para o projeto: o térreo abriga um grande deck de madeira, coberto, conectado a uma sala destinada às crianças; no primeiro andar estão os seis quartos – cinco deles com pequenas varandas com redes – e uma sala de televisão; no terceiro e último piso fica a área social da casa, incluindo a piscina, sala e a cozinha.
Dessa forma, a arquitetura definiu uma organização vertical do programa invertida em relação ao que é usualmente desenhado em casas unifamiliares: enquanto a piscina e as áreas sociais estão na cobertura; dormitórios ficam no pavimento inferior. Já o deck no térreo - protegido pela projeção da casa - é um espaço amplo e generoso que molda um abrigo de sombra para as brincadeira infantis. Nesse pavimento, ficam também os serviços.
Do deck de madeira do térreo sai a escada de acesso ao volume da casa que rompe a laje de concreto. Antes de adentrar ao espaço fechado, passa-se por um espaço intermediário, envolvido por concreto e que abriga uma obra luminosa do artista Olafur Eliasson. O projeto de interiores procurou criar uma atmosfera moderna, que ofereça uma sensação de aconchego necessária para a permanência nesse ambiente tropical.
O paisagismo recompôs as espécies nativas. Quando se está na casa, a relação com a vegetação ao redor ocorre tanto pela vista como por meio das plantas que envolvem os decks de madeira. No térreo, pode-se passear em meio as árvores; no primeiro pavimento, a luz entra filtrada pelas copas; já na cobertura, há a vista para a vegetação tendo como pano de fundo o mar.
A arquitetura da casa privilegiou o uso de concreto aparente e madeira, tanto nos espaços interiores quanto exteriores. Os quartos tem painéis de proteção solar feitos de madeira, pequenos brises-soleil, montados em portãos-camarão que podem ser manipulados pelos usuários conforme as necessidades climáticas.
Na Casa da Mata, o projeto a partir do corte transversal permitiu posicionar a piscina semi-embutida na laje sem que fosse necessário perder qualquer área no andar de baixo. Além disso, tanto o fundo infinito quanto a borda elevada em relação a altura do deck faz com a vista e a paisagem funcione como extensão da linha d’água da piscina. Para diminuir a altura do último andar e assim conseguir uma proporção externa mais horizontal desse volume, o piso da sala foi rebaixado em 27cm em relação ao deck de madeira externo.
Esse último andar oferece uma sensação espacial que sintetiza os princípios da casa: de um lado, há um deck – que abriga um ofurô e uma sauna – onde se tem uma intensa relação da arquitetura com a montanha e sua vegetação; do outro lado, há um fogo de chão e a piscina; no centro – entre esses dois espaços livres – fica a sala aberta para os dos lados e com ventilação cruzada. Esse espaço social tem uma radical relação com a natureza, tanto por meio da vista para o mar como na proximidade com a mata da montanha.